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segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Grandes Êxitos do "The Braganza Mothers I" - "As Crianças-Lixo"

O tema já tinha sido aqui tratado pelo Alexandrino, mas eu não percebi logo do que se tratava: havia uma brasileira, um gajo, chamado "pai-biológico", um tipo da tropa, muitas crianças a chorar em volta de um sofá, mas eu, como não percebi, pensei que fosse Futebol ou "Floribella", mas não era, era o País inteiro a fracassar e a fingir que aquilo tudo era possível.
Eu entendo perfeitamente que os gajos andem a comer as brasileiras, e vice-versa, e que o façam sem preservativos, nem pílula, nem nada, porque é aquela tusa da foda semi-proíbida, no meio do mato, na ressaca de uma noite de bêbeda, nos entrefolhos de uma padaria.
Já não percebo é que nasçam crianças dessas coisas.

Há muito tempo que defendo que, muito antes de fazerem referendos e palhaçadas afins, deviam obrigar a população inteira, que estivesse em vias de enveredar por tais caminhos, a frequentar cursos de Paternidade e Maternidade.
Era nessas coisas que o Estado devia empenhar os seus fundos, antes de evitar que a multidão dos Desgraçados engrossasse, se acumulasse nas portarias das Escolas de subúrbio, nos recantos da esfera da Infelicidade, do caos emocional, do corpo transgredido e da alma atropelada.

É evidente que a tal foda canina, dada à brasileira, ou vice-versa, em caso algum, nem em qualquer NUNCA premente, devia ter dado origem a um ser vivo.
O tal militar que lhe deitou mão, suponho que o tenha feito, tomado pelo pietismo, muito preciso, de um acto de revolta, mal sabendo ainda o imbróglio que por aí vinha.

Acho o termo "pai biológico" uma coisa porca, digna dos sobejos de legumes das prateleiras do Carrefour. Nós não temos pais biológicos, temos maus-tratos, ou afectividade, temos uma história do Coração, ou um atalho do Chicote. A Família não é uma estrutura topológica, nem um dever de uns quantos montes de pelos e mamas para com umas pobres peles imberbes; a Família é o que nos vai acontecendo, e, como dizia Sartre, pode "ser como a varíola, ter-se em pequeno, e deixar marcas para toda a vida", como, em Portugal, cada vez mais deixa.
Essa miúda já saberá bem o que isso quer dizer, mas isto é apenas o grau inicial da Vergonha, o nível seguinte vem daquele estado de alma do "querer-ser-pai-às-vezes", que pode levar um gajo, que abandona uma gravidez perdida, a achar que é agora a hora de mostrar ao Mundo que pode carregar o fardo inteiro de um momento renegado. O fardo já vai longe, como naquelas longínquas águas, de Heraclito, e não há voltares atrás, nesses casos, excepto em Portugal, onde uma máquina obsoleta, insensível e kafkiana, chamada "Justiça", se acha no direito de imiscuir em tudo o que não deve, e deixar, à rédea-solta, tudo aquilo em que poderia, e deveria, intervir.

Só num país de loucos se pode colocar nas mãos de um tribunal a massa de um processo cuja essência é o próprio Tempo, tempo de amar e ser amado, tempo de proteger e ser protegido, jamais um caso questiuncular, pronto para fazer prova e fé, para situações monótonas, idênticas e seguintes, transcritas em montanhas de processos caducados.

Quanto a mim, o filme devia ser agora corrido até ao fim: a criança deveria ser entregue ao pai adoptivo, que, por estar preso, pela nossa Justiça Biológica, teria de ser entregue a uma família de adopção, no caso vertente, para que o ramalhete se compusesse, à brasileira e ao gajo sem coração que a fodeu. As soluções intermédias remetem para lá do Patético, a meio caminho do Tragicómico, não fosse estar em causa um ser vivo, obrigado a conviver com pais disto e daquilo, e mães dela e dos outros, numa enorme salganhada. Sim, a "Justiça" deste país de canalhas, no fundo, sonhava com que se entendessem todos, a brasileira, afinal, até se descobria que era boa a sacar caipirinhas para a família inteira, e podia acontecer que o pai biológico acabasse a dar uma queca na mãe adoptiva, com o militar a ver. Quanto à criança, até poderia ter a sorte de muitas, e ser estreada por quem a pariu -- quem senão eu, deverei, inaugurar aquilo que é meu?... -- e, se isto não me metesse um nojo tal, ao ponto de ser incapaz de achar, ou fazer, aqui, humor, aconselhava a miúda, que já teve 3 nomes, a lançar uma daquelas maldições do olhar, uma espécie de "Carrie", sobre este país maldito, capaz de gerar tais monstros, a minha Pátria Biológica, tão abjectamente, filha da puta, que nos levará, um a um, a ter de procurar, uns atrás dos outros, novos e longínquos Países de Adopção.

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